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Perfil do autor: Jorge Alexandre Moreira

Quando Jorge Alexandre Moreira nasceu, numa tarde de dezembro de 1972, em Pilares, subúrbio do Rio, apenas o nome de sua mãe, Carmen, constou da certidão. Seu pai havia desaparecido, deixando para trás a namorada grávida – um incidente que, somado ao fato de que Carmen perdera a própria mãe muito cedo, criou, nela, um medo constante de que pudesse morrer antes que Jorge fosse capaz se virar sozinho.


Carmen ensinava ao filho tudo o que podia, o mais rápido que podia. Isso incluiu ler e escrever, que Jorge fazia com quatro anos. Ele também desenhava muito e começou a inventar histórias – vários de seus desenhos de bonecos palito tinham legendas.


Demonstrando os primeiros traços de um caráter compulsivo que seria sua benção e sua maldição, Jorge lia tudo que lhe caía na mão, de quadrinhos a rótulos de shampoo. Nos livros, logo que largou os infantis, entrou de cabeça em dois assuntos que até hoje o fascinam: OVNIs e dinossauros.


"Só adulto fui me dar conta que eu já estava procurando coisas que me dessem medo. Dinossauros eram monstros de verdade que me fascinavam. E extraterrestres, bom, me cago de medo deles até hoje."


Após uma infância apaixonado pela ficção científica, Jorge começou a ser sugado pelo universo da literatura de terror e suspense na pré-adolescência, com uma coleção que fazia sucesso na época: "Alfred Hitchcock Apresenta". Se Hitchcock, de fato, fazia a seleção dos contos ou se apenas emprestava o nome, é difícil dizer, mas os livros eram bons e Jorge consumia tantos quantos sua mãe comprasse - sempre menos do que ele gostaria, vale dizer.


Mas isso foi só um preâmbulo. A obsessão explodiu em 1987, quando Jorge cursou - ou, pelo menos, tentou - o 1º ano do Ensino Médio. Nesse ano, ele passou a ter acesso a duas ótimas bibliotecas, no Colégio Zaccaria e no curso de inglês. Ele pegava três livros, devolvia em menos de 15 dias e pegava outros três, sem parar, independentemente de quantas provas houvesse na semana. Também começou a escrever seus primeiros contos de terror.




"Eu sentava na última cadeira da sala de aula, lendo e escrevendo sem parar. Eu não sei se os professores não perceberam ou se eles tinham problemas mais sérios para cuidar, mas ninguém me incomodava. Quando o ano acabou, eu estava reprovado, claro. Eu não tinha a menor ideia do que tinha acontecido naquela sala, durante aquele ano. Nem sabia o nome de algumas pessoas".


Depois do susto, Jorge tomou um pouco mais de vergonha na cara, mas seguiu lendo muito – descobriu Lovecraft, ficou dependente químico de King – e escrevendo sempre. Certa vez, uma professora deu uma redação com tema livre e sem limite de linhas. Ele entregou um conto com três páginas.


Em 1991, após um concurso, entrou na Academia Militar das Agulhas Negras, o que viria a mudar sua vida.


"Passei quase 6 anos no Exército. Foi um dos maiores hiatos criativos da minha vida, pois havia pouco tempo para leitura de entretenimento, mas foi valiosíssimo, para mim, como pessoa. Foi lá que rompi minha casca e comecei a me socializar com as pessoas. Sem falar que fiz coisas incríveis, para um garoto de 20 anos, como atirar e andar de helicóptero".


Em 1996, já tenente, Jorge não aguentava mais o militarismo e pediu baixa - ou recebeu alta, como costuma dizer. Voltou para a casa da mãe e, após um ano desempregado, conseguiu trabalho em uma sucursal do inferno disfarçada de supermercado. Em 1998, fez outro concurso e entrou na Comissão de Valores Mobiliários, órgão do governo que fiscaliza o mercado financeiro.


Pouco a pouco, foi voltando à leitura e escrita até que, em 2003, lançou, de forma independente, seu primeiro romance, Escuridão - um terror ambientado na Amazônia com um conflito entre Brasil e EUA como pano de fundo. Por mais de dez anos, escreveu contos que eram lidos apenas por amigos mais chegados até que, em 2018, lançou, pela Amazon, Parada Rápida, um thriller sobre o desaparecimento de uma mulher em um posto de gasolina, durante uma viagem de férias.


Jorge participou de duas edições do Ghost Story Challenge, que renderam os contos "Vontades" e "Um Lugar Especial" e, em 2019, lançou Numezu, um romance sobre um casal em crise isolado em um veleiro, enquanto o marido é possuído por uma entidade demoníaca. Numezu tem lançamento previsto em e-book Amazon para julho de 2020. 

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