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Perfil da autora: Marcia Clark

Famosa por ter sido a promotora no caso O.J. Simpson, Marcia Clark também é uma bem-sucedida autora de thrillers e sobrevivente de violência sexual. Vamos conhecê-la?


É bem possível que muitos leitores deste blog tenham conhecido Marcia Clark por meio da série American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson. Mas sendo uma quarentona, eu acompanhei o caso de perto, na época em que aconteceu.


Quando o jogador de futebol americano e ator (já viram ele nos filmes Corra Que a Polícia Vem Aí?) O.J. Simpson foi acusado de assassinar sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson e o amigo dela, Ron Goldman, eu morava no Cairo, numa comunidade predominantemente americana, num bairro chamado Maadi. Já tínhamos TV a cabo de qualidade no Egito em 1994, e entre os canais mais assistidos estava a CNN, claro. Acho que não consigo enfatizar o quanto a mídia dos EUA pirou com o caso. Todas as vezes que ligávamos a TV, só víamos O.J. Simpson e os advogados que ficaram famosos por conta do caso.


Foto recente de Clark
Foto recente de Clark

Quando assisti American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson na Netflix, a sensação predominante foi de déjà-vu. Os showrunners realmente conseguiram replicar a vibe do julgamento. Era como se aquilo estivesse acontecendo novamente. Mas claro, desta vez eu não tinha 14, e sim 39 anos, e já era uma fanática por true crime. Assisti à série duas vezes seguidas, sem piscar. A única coisa que não me pareceu tão fiel aos fatos foi que na época, por meses, especulou-se muito sobre Ron Goldman e seu envolvimento com Nicole Brown Simpson. Eu lembro que determinar se ele era um amigo ou amante dela parecia quase mais importante, para as pessoas, do que o julgamento em si. Especulou-se sobre a sexualidade dele, da forma mais predatória possível, e falou-se tanto dele quanto de Nicole. Isso, por algum motivo, não foi mostrado no seriado. Talvez por respeito? É possível. Minha impressão é que todos os envolvidos no julgamento - até o O.J.! - foram retratados com respeito e delicadeza. E quem se destacou, entre tantas atuações competentes, foi a querida Sarah Paulson no papel da promotora fodona, Marcia Clark.


Os atores Sarah Paulson, Cuba Gooding Jr e John Travolta representando Marcia Clark, O.J. Simpson e Robert Shapiro na brilhante série da Netflix
Os atores Sarah Paulson, Cuba Gooding Jr e John Travolta representando Marcia Clark, O.J. Simpson e Robert Shapiro na brilhante série da Netflix

O que eu me lembro de Marcia Clark? Que ela se destacou, na minha memória, mais do que qualquer outra pessoa no julgamento. Que eu a achava esquisita, fisicamente, mas que quando ela falava, todo mundo meio que calava a boca para ouvir. Minha mãe falava mal dela, do mesmo jeito que foi retratado na série; ataques superficiais ao visual e à maneira como ela se portava. Mas os tempos mudaram desde 1994, e tenho certeza que hoje, caso estivesse viva, minha mãe falaria de outra forma sobre Clark, com um olhar na TV, outro nas roupas que ela passava por hobby, um cigarro equilibrado nos lábios finos.


Perfil da mulher e autora


Marcia Clark é uma virginiana como eu, nascida em 31 de agosto de 1953 na Califórnia. Ela cresceu numa família judia e também como eu, morou em diversos lugares enquanto crescia, devido ao trabalho do pai dela, um químico para o FDA (Food and Drug Administration). Aos 17 anos, numa viagem a Israel, Clark sofreu um estupro, uma experiência que motivou sua busca por justiça.


Ela se formou em ciências políticas pela conceituada UCLA e então conseguiu um Juris Doctor, que é meio como uma pós-graduação em direito para pessoas que se formaram em outras áreas. Depois de passar no exame da Ordem, ela trabalhou como defensora pública para a cidade de Los Angeles antes de tornar-se promotora em 1981. O julgamento de O.J. Simpson a tornou famosa, mas foi um tipo de fama que ela nunca quis para si, que tornou sua vida pessoal um inferno, em suas próprias palavras, e a submeteu ao machismo óbvio e orgulhoso da época, que incluiu ter que ver fotos dela mesma seminua nos jornais, disseminadas pelo ex-marido.


Quando o caso terminou, algumas pessoas públicas culparam Marcia pela liberdade de um homem que era claramente culpado. Mas é importante lembrar que o caso O.J. foi o único que Clark perdeu como promotora, tendo vencido 19 dos 20 casos de homicídio dos quais participou. Clark, esgotada, largou a carreira de advogada e escreveu um livro sobre o julgamento, chamado Without a Doubt, que rendeu a ela (dizem) mais de 4 milhões de dólares. A mesma fama que quase destruiu Clark durante o julgamento de quase um ano, acabou garantindo que ela pudesse seguir sua nova carreira de romancista. Além de escrever thrillers jurídicos, Clark escreveu artigos e apareceu em diversos programas de TV, comentando sobre casos criminais de alto perfil.


Eu ainda não li nada da Marcia, embora tenha um dos seus thrillers no meu Kindle. Pretendo consertar essa injustiça ainda este ano e conhecer o trabalho de uma mulher que já inventava histórias de crime aos 5 anos e sempre foi árdua defensora de vítimas de estupro e violência doméstica. Fico feliz que a série produzida por Ryan Murphy tenha feito um pouco de justiça à imagem dela.


Livros: Without a Doubt (1997), Guilt By Association (2011), Guilt By Degrees (2012), Killer Ambition (2013), The Competition (2014), If I'm Dead: A Rachel Knight Story (2012), Trouble in Paradise: A Rachel Knight Story (2013). Blood Defense (2016), Moral Defense (2016), Snap Judgment (2017).




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