As experiências que os livros sobre máfia, velho oeste e serial killers satanistas me proporcionaram
Uma das partes mais divertidas de criar histórias é a pesquisa. Eu me perco em livros, documentários e artigos, mas o que eu gosto mesmo é da parte prática da coisa. Vamos a cinco experiências que tive para poder escrever meus livros.
Atirar com pistolas reais
Eu sou tímida quando falo em atirar, porque hoje em dia foto com arma pode ser confundida por apoio a determinados políticos. A verdade é que eu atirei pela primeira vez aos cinco anos com a .38 do meu pai, mas só voltei a praticar depois de velha, para pesquisar para Eu Vejo Kate. Adorei. E curti o resultado: eu com uma Taurus na mão, um alvo com a cabeça destruída e o instrutor falando que eu tinha muito talento para a coisa. Depois disso fui atirar algumas vezes com armas de ar comprimido. Na última, chamei a atenção do novo instrutor, que me abordou assim: “Você atira há muito tempo, né?” Eu fui sincera, e expliquei que não. Ele disse que eu deveria continuar treinando porque era, entre homens e mulheres, uma das melhores atiradoras que ele já tinha visto. Meu marido estava do meu lado e engoliu em seco. Estou longe de ser uma Annie Oakley, mas para quem só atirou 5 vezes, até que estou bem.
Fazer martínis
Eu não sou de beber muito porque tenho a tolerância super baixa para álcool. Na época da faculdade eu vivia bêbada, e é um milagre que esteja viva. Aprecio uma boa cerveja, gosto de vinho branco, e em momentos mais exaltados eu viro tequila como um luchador. Mas no geral, não sou uma entusiasta por drinks. Para escrever Um Martíni com o Diabo, no entanto, eu precisei aprender a preparar tipos diferentes da bebida. Foram alguns livros e muitos vídeos, mas acabei aperfeiçoando minha técnica e na época do lançamento, fiz alguns posts ensinando, na minha condição de amadora, três receitas. Faço martínis até hoje.
Traçar perfis criminais
Afinal de contas, o que começou como um hobby quando eu li em 2003 Serial Killer: Louco ou Cruel (Ilana Casoy), virou uma obsessão. Já são 16 anos estudando assassinos em série de forma profunda e intensa. Quando eu e a Paula Febbe decidimos fazer o Serial Chicks, eu tinha minhas dúvidas se conseguiria ter novos insights e chegar às minhas próprias conclusões sobre eles, mas isso aconteceu de forma tão natural que quase me assustou. Testei esse conhecimento mais tarde em outros cursos de psicologia criminal e hoje me sinto bem segura em relação a essa habilidade. Entre os cursos feitos: Sexologia Forense, Detecção de Mentiras e Análise do Comportamento Não verbal na Investigação Policial, The Psychology of Criminal Justice e Social Psychology (ambos pela Harvard edX).
Viagens astrais com ayahuasca
Para ser honesta, eu tomei ayahuasca antes da minha personagem, Barbara Castelo. Mas a verdade é que mesmo se não tivesse tomado, teria passado pela experiência, assim como me tranquei no escuro por horas, fiquei viciada em pirulitos de uva e quase virei satanista para a pesquisa de Inferno no Ártico. Numa cena crucial do livro, minha detetive é forçada a tomar o chá alucinógeno ayahuasca. Ela mergulha numa viagem para seus piores pesadelos, e todas as sensações escritas foram baseadas na minha própria vivência com o chá.
Como dar à luz no velho oeste
Mesmo tendo em mente que um parto normal seria mais seguro e saudável para mim e meus filhos, eu não tinha exigências por um parto natural, totalmente sem intervenções médicas. Com minha pesquisa bem-feita, eu sabia que sem intervenções é melhor, quando possível, mas não me apeguei muito a isso quando comecei a sentir as contrações que me trariam o Eduardo. Acontece que na época eu estava escrevendo meu western não publicado, A Balada de Eliesse Butler. E há um parto old school no final do livro, no meio de um puta standoff. Eu não ia perder a chance de viver a coisa no modo mais brutal. Como estava aguentando bem, levei o parto sem anestesia, sem nenhum tipo de intervenção médica, exatamente como minha personagem (mas sem o trauma). Eu amei a experiência, e gostei ainda mais de poder escrever a cena com pleno conhecimento de causa e levar um pouco daquele calor, sangue, vérnix e dor para o leitor incauto.
Não acaba aí. Em breve vou passar por um curso de dez meses sobre necropsia e já tenho planos para fazer a prova de detetive particular para incrementar meus livros.
Qual foi a coisa mais louca que vocês já fizeram para escrever?
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